sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um homem chamado Pénis Parte I

Maria Mulher era filha de mãe solteira, tal como sua avó, bisavó e todas as suas antepassadas.
Mercedes mãe de Mulher, era uma linda mexicana de cabelos negros, que havia imigrado junto com a sua família, para o sul do Brasil nos anos 60.
Foi numa noite quente de verão, que Mercedes conheceu Santiago, um gaúcho dez anos mais velho, e lindo de morrer.
Santiago era um homem apaixonado e possessivo, não aceitava dividir sua Mercedes com quem quer que fosse, nem com um filho, quando disse para Mercedes que não queria ter filhos, o coração dela ficou pequeno temia ter o mesmo destino das suas antepassadas, mas Mercedes amava Santiago ardentemente, abdicou de seu ventre, e durante cinco anos viveu um romance escaldante com seu amado.
Foi numa visita a sua mãe que descobriu, esperava um filho de Santiago, quando voltou para casa encheu-se de coragem e contou a novidade para Santiago, os olhos dele endureceram instantaneamente, mais tarde ela recordaria como ao ouvir uma única frase, aquele homem tornará-se em um estranho.
"O teu corpo é meu!" Dizia ele.
"Santiago pelo amor de Deus, é teu filho, fruto do nosso amor!" Mercedes, desesperada, rogava em vão.
"Não te divido com ninguém Mulher! Tu és minha, no teu corpo ninguém toca, dos teus seios só os meus lábios podem sentir o sabor, ou te livras desta coisa que carregas no ventre, ou eu mato os dois!"
A sentença estava lançada, não havia escolha possível, ou matava o seu filho amado, ou o seu amado matava aos dois.
A noite, ao deitar, Santiago estava amuado do outro lado da cama, ela deitou-se ao seu lado e sussurrou no seu ouvido:
"Amor..."
"Não adianta Mercedes, minha decisão está tomada!"
"Eu sei amor, tens razão, amanhã eu vou bem cedo vou a uma médica na cidade, ouvi dizer que ela mata...faz esse serviço."
"Muito bem eu vou contigo." Respondeu Santiago secamente.
"Não, eu quero fazer isso sozinha, agora seja o meu homem, e faça amor comigo."
"Enquanto essa coisa estiver aí, não lhe toco!"
"Faça de conta que somos só nós, eu te quero tanto..." Disse Mercedes com uma voz suave, enquanto acariciava seu amado.
Santiago não resistiu e tomou Mercedes nos seus braços, naquela noite fizeram amor como na primeira vez, , Mercedes gemia de prazer, e Santiago sentia-se um homem de sorte, por ter sua Mercedes só para si.
De manhã cedo, Santiago ainda dormia quando Mercedes foi para a cidade.
Mas o seu destino não era a tal médica, o que Santiago não sabia era que Mercedes já havia engravidado dele outras três vezes, e em todas havia tirado a criança, com a tal médica, na ultima vez sua vida ficou por um fio, ela sobreviveu, mas a médica disse que se fizesse mais um aborto, não poderia mais ter filhos.
E ela decidiu que se voltasse a engravidar contaria para Santiago, talvez o seu coração amolecesse, e seriam felizes com o seu filho, mas se não houvesse uma mudança, ela teria aquele filho custasse o que custasse.
Na noite anterior, ela soube que Santiago jamais a deixaria ter aquele filho, por isso tomou a decisão que a fez fazer duas paragens na cidade, num feiticeiro e numa bomba de gasolina.
Quando chegou a casa, Santiago lhe ofereceu uma rosa, e disse que tinham de comemorar, Mercedes concordou, mas o fitou com olhos tristes, Santiago a abraçou e disse:
"Não se preocupe Mulher, bastamos nós os dois para sermos felizes, és minha e é assim que tem de ser..."
Mercedes beijou os lábios de Santiago, cheia de vontade, disse que ia preparar uma bebida fresquinha para "comemorar".
Enquanto Santiago esperava na sala, Mercedes tirou da bolsa um saquinho com a erva que o feiticeiro havia preparado, ele lhe prometera que Santiago iria dormir profundamente, não sentiria nenhuma dor, ela confiava nele, como as outras mulheres de sua família um dia também haviam confiado.
Mercedes e Santiago brindaram a morte da "coisa", e fizeram amor, antes dele cair num sono profundo, Mercedes disse:
"Eu te amo meu amor...perdoa-me,"
Mas Santiago mal teve tempo para responder que também a amava.
Mercedes deitava a gasolina sobre o corpo de Santiago, a chorar compulsivamente, e cantava baixinho a velha canção de ninar, que a sua mãe havia lhe cantado um dia.
"Se esta rua, se esta rua fosse minha, eu mandava, eu mandava, ladrilhar com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes, só para o meu, para o meu amor passar..."
Mercedes riscou o fósforo e o atirou na cama, o quarto iluminou-se com a luz do fogo, sentou-se numa cadeira e ficou a olhar, hipnotizada pelo fogo, as chamas consumirem cada centímetro do corpo daquele que outrora foi o grande amor de sua vida.
O feiticeiro tinha razão, ele não sentiu dor...
Continuou a cantar:
"Nesta rua, nesta rua tem um bosque, que se chama, que se chama solidão, dentro dele, dentro dele tem um anjo, que roubou, que roubou meu coração."
No dia seguinte, Mercedes guardou uma parte das cinzas de Santiago, dentro da uma velha caixinha de café, que sua avó lhe tinha oferecido.
Colocou as malas no carro, e a caixinha no banco ao seu lado.
Antes de sair de casa, parou na frente do espelho, com as mãos a tocar a sua barriga, disse:
"Vais te chamar Maria Mulher, para que nunca te esqueças que o grande amor da vida de uma mulher, vem de dentro do seu ventre."

Continua...

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